domingo, 24 de novembro de 2013

Boas Vindas - Gonçalves - MG

A ideia de escrever esse blog é compartilhar um pouco de um dos mais estimados hobbies de Thaís e eu, que é sair pelo mundo conhecendo lugares, pessoas, experiências e pensamentos diferentes. A cabeça pensa onde pisa o pé, li certa vez nos escritos de Frei Beto, e não posso deixar de descordar. Viajar por aí é sair da zona de conforto e enfrentar o estranho desconhecido. Na bagagem, juntamente com roupas e apetrechos, seguem expectativas e sonhos, que refletem nos olhares atentos, interpretando constantemente o momento. O instante vivido, sempre diferente, é então transformado em memória, que se agrega unicamente de modo a formar novas expectativas e novos sonhos. O caminho é a meta e este pequeno instante, tão breve como um sopro, é capaz de conter a vida inteira.



Mas vamos ao que interessa a este blog, que é a narrativa da experiência vivida, tão singular e por vezes tão maluca quanto os próprios narradores. E a primeira história a ser contada é a de uma viagenzinha bastante breve, a um pacato e agradável lugar no sul deste grande Estado de Minas Gerais, de nome Gonçalves. Escondida em meio às serras de minas, Gonçalves é a porta de entrada para um maravilhoso vale onde corre um dos braços do Rio Sapucaí, repleto de cachoeiras e trilhas. Nas suas estradas vicinais espalham-se diversas pousadas e restaurantes, construídas para dar conforto ao turista rural e ao ecoturista, em meio à tranquilidade da floresta de Araucárias. A cidade possui uma bela história, iniciada com a vinda do Português Policarpo Teixeira de Andrade Queiroz para a então colonia brasilis, em busca de ouro nas terras de São João Del Rei. Quem quiser saber um pouco mais pode encontrar a história de município no site: http://portal.goncalves.mg.gov.br



Saímos de Belo Horizonte após uma sexta feira de muito trabalho e de cara enfrentamos um super trânsito. Cerca de uma hora e meia depois estávamos cruzando o contorno de Betim, obra recém inaugurada que ficou muito boa por sinal,  para ganhar a Rodovia Fernão Dias, concessionada, que nos levou por quatro horas até o município de Pouso Alegre. Se a viagem corria tranquila, logo logo toda esta calmaria começou a dar aquela sensação de vazio em Thaís. Era fome! E só quem conhece sabe que não se deve deixar Thaís muito tempo com fome. É extremamente perigoso!! Paramos pouco após Carmópolis para devorar uns hamburguers e seguimos viagem. Já por volta de meia noite nos perdemos em Cachoeira de Minas, depois nos perdemos em Paraisópolis e, por fim, nos perdemos, mas só um pouquinho, em Conceição dos Ouros. Cerca de mais ou menos uma hora depois, chegamos enfim aos belos chalés da pousada Vida Verde.



No sábado, iniciamos o dia com um excelente café da manhã, seguido por uma caminhada de mais ou menos 30 minutos por trilha até chegar na cachoeira do Simão. Consegui convencer Thaís a fazer caminhada pela floresta, escondendo como pude o fato de se poder chegar bem pertinho de carro. Deu certo! Após o retorno, repleto de uma agradável conversa na qual fui avisado para nunca mais contar com Thaís em tais aventuras (coisa, claro, que fazia parte do calor da caminhada. Sei que faremos isso muitas e muitas vezes), pegamos o carro e rumamos para o centro da cidade. De dia, a cidade é bem bonita, mas sem um estilo definido. Uma cidade típica do sul de minas. Achei que falta um projeto, que poderia ser um plano diretor, para criar uma identidade para Gonçalves, que ainda está começando em seu desenvolvimento urbano, rural e turístico (apesar de já possuir bastante infra-estrutura em pousadas, mas não tanto em restaurantes).


Chegando lá, qual surpresa, estava acontecendo o III festival gastronômico de comida da roça, com direito a chopp artesanal de São Paulo. Comemos a beça, com direito a costelinha, feijão tropeiro e farofa de banana. Após a fartança e de assistir a folia de reis, encontramos um armazém que vendia queijos, cerveja e cachaça dos bons. A loja era de uma família de mineiros de Poços de Caldas, e a tarde se foi na boa prosa sobre o Estado, sobre política e gastronomia de Minas Gerais. Já de noite, jantamos em um lugarzinho bem charmoso chamado Janela com Tramela. Depois que o sol se vai faz frio em Gonçalves. No verão, as temperaturas são em torno de 10 a 15 graus. Muito gostoso. mas não se esqueçam de ir bem agasalhado e levar uns bons vinhos.



No dia seguinte, após mais uma leve caminhada e um almoço regado a alcachofra (iguaria que cresce com fartura na região), partimos novamente para BH. Foram menos de dois dias e mais de 1.000 km rodados, mas confesso que Gonçalves nos descansou para um mês! Voltamos com todas as energias para novamente enfrentar as batalhas diárias na capital mineira. Para quem gosta de um bom turismo rural, em contato com a natureza, com pousadas românticas e comida boa, Gonçalves é mesmo o local para se estar! Thaís recomenda!



Abraços e boa semana a todos!